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GIFE lança pesquisa inédita e pioneira sobre investimento social familiar no Brasil

Com o objetivo de compreender o perfil e o desenvolvimento recente de fundações e institutos familiares no Brasil, o GIFE lança a primeira pesquisa sobre o tema no contexto brasileiro. “Retratos do investimento social familiar no Brasil” busca identificar razões para o crescimento do número de investidores, além de instigar a compreensão das peculiaridades das organizações familiares.

A pesquisa buscou abranger o perfil, a atuação e o desenvolvimento dos institutos e fundações familiares no País a partir de 23 entrevistas em profundidade com familiares que lideram iniciativas de investimento social privado. Por meio dessas narrativas, a antropóloga Deborah Goldemberg, responsável pela pesquisa e redação do documento, identificou padrões e recorrências, além de apontar distinções e incoerências que marcam este grupo tão diverso.

As famílias perfiladas pelo estudo pertencem ao topo da pirâmide social brasileira – ou seja, indivíduos de alto patrimônio líquido, que compõem 0,08% da população, incluindo 160 bilionários. No entanto, mesmo dentro deste restrito universo, os investidores sociais familiares ainda representam uma porcentagem ínfima no Brasil: 0,18%, ou 300 famílias.

Além de apresentar a caracterização geral do perfil dos investidores familiares no Brasil – quem são, onde estão, a origem e volume dos recursos –, o documento apresenta reflexões para estimular novos questionamentos que contribuam para ampliar o impacto desse tipo de investimento.

A maior parte das organizações familiares entrevistadas investe em educação, embora em proporção menor que as organizações empresariais, segundo o Censo GIFE 2014. Boa parte das famílias que investem nessa área entende que educação é um investimento estratégico porque está na raiz dos problemas do Brasil. Outras áreas de atuação citadas nas entrevistas foram: desenvolvimento local, saúde, empreendedorismo, desenvolvimento sustentável, meio ambiente, defesa de direitos, arte, habitação, justiça, água, entre outros.

“Esta pesquisa não vem isolada. Ela faz parte de uma estratégia maior do GIFE de fortalecimento e reconhecimento da prática dos investidores sociais familiares. Há uma grande expectativa da atuação desse tipo de investimento na sociedade brasileira hoje”, diz Andre Degenszajn, secretário-geral do GIFE.

12 pontos para compreender o investimento social familiar no Brasil

Abaixo, conheça 12 pontos de destaque identificados pelo relatório:

1)As organizações são lideradas por patriarcas, muitos dos quais são bilionários e fizeram fortuna nos setores industrial e financeiro;

2)Os investidores familiares doam uma porcentagem pequena de seu patrimônio. Os desestímulos para doação são de ordem burocrática, regulatória e do desafio de obter resultados. Em 2014, foi investido um total de R$ 333 milhões. Excluindo os orçamentos desproporcionalmente grandes, a média mais apurada do valor do investimento anual das fundações é de R$ 5,7 milhões ao ano;

3)Os valores que movem os investidores familiares são pessoais, inspirados em experiências de seus antepassados, muitas vezes mulheres solidárias e religiosas. Os motivos que os levam a realizar os investimentos são múltiplos;

4)Os investidores familiares se percebem como poucos, têm frustração com a forma como o investimento é feito e anseiam por melhora nos padrões de quantidade e qualidade dos investimentos;

5)Os principais objetivos das ações de investimento familiar são o fortalecimento do setor público e terceiro setor ou realizar aspirações. As famílias reconhecem sua influência política e seu papel como importantes atores de transformação, ampliando sua esfera de influência para além do âmbito econômico;

6)Os investidores sociais preferem executar seus projetos ou fazer doações (grants) de forma participativa (modelo shaper);

7)A interface com a empresa familiar traz pontos negativos e positivos, mas há inovação no sentido de aproveitar sinergias;

8)O monitoramento e avaliação de impactos é uma área que mobiliza a atenção de 80% dos investidores sociais familiares;

9)O processo decisório no interior das instituições familiares é centralizado na figura do patriarca (principal mantenedor). Conselheiros externos (não familiares) ainda têm papel tímido;

10)A gestão das organizações é intensamente feita pelas famílias e a presença das mulheres é notável;

11)A inclusão das novas gerações é desejada, mas outras intenções coexistem e há consciência de que não pode ser imposta;

12)Apesar da crise, há um leve otimismo em relação ao futuro do investimento social privado. Há também um anseio de que pudesse haver mais união no setor, a superação de egos e o fortalecimento de uma estratégia conjunta de investimento. Os entrevistados esperam e contam com a liderança das organizações representativas e depositam esperança na atuação do GIFE para superar parte desses desafios.

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O GIFE é uma organização sem fins lucrativos com 132 associados que investem R$ 3 bilhões por ano na área social. A organização completa 20 anos em 2015 e é referência no Brasil em temas relacionados ao investimento social privado. O principal papel do GIFE é articular organizações privadas que apoiam causas de interesse público e gerar conhecimento sobre o campo. Sua missão é aperfeiçoar e difundir conceitos e práticas do investimento social, definido pelo repasse voluntário de recursos de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público.